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Amamentação: não foi amor à primeira vista

Postado em 07/08/2015 por em Amamentação | 2 comentários

Gabriel mamando no seu primeiro mês de vida. | Crédito: Arquivo Pessoal

Gabriel mamando no seu primeiro mês de vida. | Crédito: Arquivo Pessoal

Durante a gestação, eu li vários relatos lindos sobre mães que, assim que o bebê nasceu, já o colocaram para mamar. Eu também li vários depoimentos sobre as dificuldades da amamentação. Mas eu nunca realmente fiquei pensando na gravidez sobre isso, se eu teria dificuldades, como eu queria fazer, até quando gostaria de amamentar… Eu tanto nem pensava nisso que comprei um kit com mamadeiras sem nem refletir se eu iria usá-las e potes para guardar fórmula que eu nem me questionei se seriam necessários.

Pois bem: Gabriel nasceu de parto normal (como eu já relatei aqui), mas, como passei mal logo após o parto (como contei também aqui), eu não dei de mamar na primeira hora. Na hora, eu estava tão exausta que nem me liguei disso. Hoje, eu gostaria de ter feito. Ele nasceu de noite e só fui amamentá-lo na manhã seguinte. E foi uma sensação estranha, de incômodo já se transformando em dor. Num primeiro momento, confesso, não senti prazer.

Só fui amamentar o Gabriel na manhã seguinte, tamanha era minha fraqueza. | Crédito: Arquivo Pessoal

Só fui amamentar o Gabriel na manhã seguinte, tamanha era minha fraqueza. | Crédito: Arquivo Pessoal

Aliás, se é pra confessar mesmo, acho que só fui começar a gostar de amamentar e a curtir esse momento lá pelo segundo mês. No primeiro mês (no caos do puerpério), eu amamentava como se estivesse num piloto automático. Quando estava na hora (sim, no início eu não amamentava em livre demanda como já expliquei em outro post), eu dava o peito e pra mim eram os minutos de silêncio em que eu conseguia sentar, descansar um pouco ou ver TV (já que a mamada durava uns 20, 30 minutos).

Só mais tarde, eu comecei a gostar de amamentar, a olhar para o Gabriel e querer parar o tempo, a tentar memorizar mentalmente cada expressão no seu rosto enquanto mamava e a torcer para que ele me tocasse com suas mãos (leiam o post da Ju desta semana sobre isso). Lá pelo terceiro mês, quando o bico do seio deixou de doer tanto, quando a produção de leite foi se estabilizando e quando eu percebi que podia oferecer o peito livremente é que eu realmente comecei a curtir esse momento.

Amamentar é um ato de amor e como eu amo poder fazer isso. E vamos em frente, até quando der, com orgulho de já ter chegado até aqui e com vontade para ir ainda mais adiante.

Foi aí que me dei conta de que eu queria amamentar exclusivamente até os seis meses (E o orgulho que dá quando você vê que seu filho está crescendo e engordando só por causa do seu leite, não é?) Foi aí que comecei a me informar sobre ordenhar e estocar leite materno para poder enviar para a escola, já que o Gabriel começou a ir ao Berçário com cinco meses (leia aqui o post sobre isso) e eu queria manter o aleitamento materno.

Crédito: Arquivo pessoal

Crédito: Arquivo pessoal

Nem sempre amamentar foi calmo. Até três meses, cada mamada do Gabriel durava de 20 a 30 min e, normalmente, ele dormia mamando. Aos três meses (sei lá se foi pela tal crise de crescimento), durante algumas semanas, Gabriel chorava e ficava muito incomodado no final das mamadas e passou a mamar mais rápido. Lá pelos cinco meses, as coisas foram se acalmando novamente, mas desde então com mamadas express que não duram mais do que cinco minutos. Mesmo com a introdução alimentar, eu mantenho a livre demanda.

Eu percebi mesmo como eu amo amamentar quando, aos oito meses, Gabriel teve uma laringite e ficou sem mamar por quase 24 horas. De uma hora para outra, ele não quis mais mamar e toda vez que eu o botava no peito, ele chorava muito. Fiquei com medo que ele estivesse desmamando, pois já tínhamos começado a introdução alimentar (apesar de que, nesta época ainda, Gabriel quase não aceitava as frutas e as papinhas).

Dizem que a introdução alimentar é o início do desmame natural. Aí depende de cada criança o tempo em que vai continuar mamando. E eu soube já de casos de bebês que de uma hora pra outra pararam mesmo de mamar e tive muito medo que essa hora tivesse chegado. Na minha cabeça, o Gabriel ainda não estava pronto (afinal, o peito ainda era o que sustentava sua alimentação) e eu, muito menos, já que não queria deixar de ter esse momento com ele. Felizmente, no dia seguinte, Gabriel voltou a mamar. Acho que ele recusou o peito por estar com dor na garganta mesmo e, quando melhorou, ele voltou a aceitar o leite.

No mamaço em comemoração ao Dia Mundial da Amamentação. | Crédito: Arquivo Pessoal

No mamaço em comemoração ao Dia Mundial da Amamentação. | Crédito: Arquivo Pessoal

Eu não sei até quando vou amamentar…até porque é uma decisão minha e do Gabriel. Tenho consciência de que amamentar torna o Gabriel ainda mais dependente de mim já que não posso me ausentar por muito tempo (só se eu deixar leite ordenhado, o que dá um certo trabalho como já contei). Mas eu não me importo.

Lá se vão 11 meses de amamentação, sendo aleitamento materno exclusivo até os seis meses. Por enquanto, eu torço para que ele queira continuar por um bom tempo (quem sabe chegar até os dois anos) e para que eu tenha leite e disposição para isso. Até lá, eu curto cada momento desses…ou quase todos. Outra confissão: as mamadas de madrugada em que estou morrendo de sono não são tão românticas assim. Mas as mamadas da manhã, em que o Gabriel fica todo feliz ao me ver, e a da noite, antes de dormir, em que ele abre os bracinhos pra vir logo para o meu colo, são apaixonantes! Me lembram sempre como amamentar é um ato de amor e como eu amo poder fazer isso. E vamos em frente, até quando der, com orgulho de já ter chegado até aqui e com vontade para ir ainda mais adiante. <3

 

 

Observação 1: Há todo um movimento a favor da amamentação e no que diz respeito ao direito de amamentar em público. Eu amamento em qualquer lugar que preciso. Lógico, não levanto toda minha blusa e coloco simplesmente os peitos pra fora, é tudo questão de bom senso. Felizmente, nunca percebi nenhum olhar me recriminando e nunca fui importunada por isso. Sei de amigas que, principalmente, depois que o filho completou um ano, já enfrentaram esses olhares feios para o ato e tiveram que ouvir que já está na hora de desmamar. Era só o que faltava, né? Vamos cada um cuidar da sua vida? O peito é nosso, o filho é nosso, a decisão é nossa. E amamentar em locais públicos não tem nada demais e os incomodados que se retirem. #prontofalei

Observação 2: A única coisa que às vezes me incomoda, mas não é e não será nunca um motivo para me fazer parar, é a questão das roupas (meio fútil, eu sei, mas já que estou fazendo confissões, aí fica mais uma). Como pode ser que o Gabriel queira mamar a qualquer hora, tem roupas que eu não consigo usar, como alguns vestidos e blusas. Acabo optando por roupas de botões, com zíper na frente ou que me permitam levantar sem me mostrar toda.

Observação 3: Amamentar no início não é fácil, dói, é cansativo. Mas não desista, insista, procure ajuda. A Ju já escreveu um post sobre isso e a Magda, na nossa coluna #VisitadeMãe, também deu um relato sobre persistir na amamentação. Mas, se não der, ou se você, por algum motivo que não cabe julgamento, decidir parar, não se sinta “menos mãe”. Importante é bebê saudável. A Bia, do blog Agora sou mãe, escreveu um texto bem legal do ponto de vista de quem não amamentou. Leia aqui.

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2 Comments

  1. Inspirador! Veremos como vou (vamos) nos sair! Que bom que aqui a gente encontra estes relatos sinceros, além das dicas!

    • Nem tudo são flores, né? Mas tudo vale a pena! É muito amor envolvido! Acredite em você, vai dar tudo certo. <3

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