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Mãe de bicho e de gente

Postado em 18/08/2015 por em Comportamento | Comente!

Luis após a primeira cirurgia <3

Luis após a primeira cirurgia <3

 

No meu aniversário de 18 anos, minha mãe me levou ao shopping para escolher um celular novo, seria meu presente de aniversário. Havia também uma feira de filhotes acontecendo lá e resolvemos dar um pulinho, só por curiosidade, afinal, apesar de gostar e respeitar os animais, não era algo em que eu pensasse tanto.

 

A feira funcionava como um circuito, você entrava e passava obrigatoriamente por todos os estandes, até a saída. Ao bater o olho na primeira gaiolinha com aqueles filhotinhos tão indefesos já comecei a chorar, acho que pela ignorância de ter vivido tanto tempo achando que as feiras de filhotes eram inofensivas*. Enfim, e a cada estande eu chorava mais e mais – acho que as pessoas me olhavam e pensavam que eu era uma maluca instável – até chegar no penúltimo estande e ver um cercadinho razoavelmente grande, com uma bolinha pretinha toda enroladinha num canto. Fui fazer um carinho naquela coisinha e de repente, a bolinha se desfez em duas! Ahhhh, meu Deus, eram dois cachorrinhos da raça pinscher, irmãozinhos, dormindo beeeem coladinhos um no outro. Olhei pra minha mãe, educadora de profissão e coração, e falei que não queria celular coisa nenhuma, queria levar um filhotinho para casa, ela, transbordando amor, me falou que era ‘psicopedagogicamente incorreto’ escolher um daqueles filhotes e separar os irmãos. Pois bem, passamos pelo veterinário que atestava que os animais estavam saudáveis e aptos a sair da feira e lá fomos nós para casa, com meus dois ‘presentes de aniversário’ o Hugo e o Luis, a R$ 200,00 cada. Hoje sei que não tem preço!

 

No segundo dia lá em casa, o Huguinho começou a ficar muito mauzinho, corremos para o veterinário, ele ficou internadinho, tomou sorinho direto no ossinho, de tão pequenininho não tinha nem como furar a veia. Por muito pouco não o perdemos, e aí já começamos a perceber o quanto as feiras de filhotes podem ser danosas.

 

Depois disso, NUNCA MAIS entrei numa feira de venda de animais e nem pretendo, instantaneamente, percebi que já existem animais de rua o suficiente para querer comprar um bichinho e tb instantaneamente, passei a sofrer por ver bichinhos na rua e a resgatar e doar, sempre que possível. E então, depois do Hugo e do Luis, adotamos a Ursa, a Hilda e a Brownie, sendo as 3 vira-latas, ou seja, ficamos com 5 cachorros em casa e a Marcela, uma gatinha mal humorada que chegou depois.

 

Assim, quando me casei, os bichinhos já tinham entre 6 e 8 anos, não tinha como levá-los comigo, afinal não poderia separá-los e num apartamento não caberiam todos. Eles ficaram na casa da minha mãe, com todos os cuidados e as mordomias de sempre e o meu chamego no finais de semana.

 

No ano passado, com 10 anos, Luisinho teve glaucoma e ficou cego de um olhinho, precisou fazer um cirurgia para colocação de uma prótese. Eu estava grávida de quase 9 meses e o trouxe para minha casa, para cuidar até que ele estivesse totalmente recuperado, apesar do cansaço, tirei de letra. Logo que ele voltou para a casa dos meus pais, a Maria Antônia nasceu. Este ano, assim que a MA completou 1 aninho, o Luis teve glaucoma no outro olhinho e perdeu totalmente a visão, nova cirurgia e o trouxe aqui para casa de novo para a recuperação, já que os remédios precisam ser aplicados cerca de 20 vezes por dia.

 

Levando Luis na consulta de retorno, ótima recuperação! Descabelada e com olheiras, vcs percebem que dá trabalho, são quase gêmeos! Hahaha

Levando Luis na consulta de retorno, ótima recuperação! Descabelada e com olheiras, vcs percebem que dá trabalho, são quase gêmeos! Hahaha

Enfim, preciso equacionar as relações, brincar com a Maria Antônia, preparar e dar a comidinha dela, o banho, levar para pegar um solzinho e também, cuidar do Luis, pingar os colírios, dar comidinha e água, levar para passear, fazer um afago… A M.A. ainda não tem noção de que pode machucá-lo, então tenho que estar sempre de olho, por que se bobear, ela coloca o dedo nos olhinhos, puxa o o rabinho e as patinhas e ele muito bonzinho, só tenta se proteger, jamais atacar.

 

 

O amor e a gratidão que recebo do meu cachorrinho são únicos, assim como os sorrisinhos da minha princesa e a satisfação de vê-la aprendendo a conviver com os diferentes.

 

Mas aí você deve estar se perguntando, o que a história do cachorrinho tem a ver com a maternidade. E eu te conto, o Luis e o Hugo foram responsáveis pela primeira manifestação real do meu instinto materno, aquele que vc escolhe abrir mão de algumas coisas para ganhar outras. Ihh, cansei de acordar de madrugada e abrir a porta para o Hugo sair – eles dormiam comigo – descer, fazer xixi, beber água e ainda esperá-lo terminar para colocá-lo de novo na minha cama.

 

Eles despertaram em mim todo o cuidado e zelo que uma mãe precisa ter com seus filhotes, de 4 ou 2 patas. É claro que não dá para comparar as necessidades e a dependência dos filhote de cachorro e de um bebê. Mas o coração transborda de amor e de alegria e por mais que seja difícil equilibrar estas relações, principalmente em que um dos lados precisa de cuidados muito especiais, vale muito a pena, o amor é um multiplicador, não um divisor, você não precisa escolher, basta acolher. O amor e a gratidão que recebo do meu cachorrinho são únicos, assim como os sorrisinhos da minha princesa e a satisfação de vê-la aprendendo a conviver com os diferentes.

 

 

* Obs.: Não é regra, mas muitas feiras de filhotes não deixam água e nem comida à vontade aos bichinhos, para que eles façam menos xixi e cocô nas gaiolinhas e fique mais fácil manter a limpeza do espaço. Muitas vezes eles ficam fechadinhos naqueles cercados, com pouquíssimo espaço para correr ou esticar as perninhas. Mas a pior parte é como as mães são tratadas, as cadelinhas que são escolhidas para serem as ‘matrizes’, não têm descanso, engravidando a cada cio, sem os cuidados mínimos, é muito triste de se ver. Por isso, quando você quiser um bichinho, recorra aos abrigos de adoção, a gratidão é eterna!

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