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Despedida do filho único

Postado em 19/09/2016 por em Desenvolvimento | 1 comentário

Como foi bom me dedicar dois anos só para ele. | Crédito: Natália Brasil Fotografias

Como foi bom me dedicar dois anos só para ele. | Crédito: Natália Brasil

Sempre quis ter mais de um filho. Dois agora me parece um número bom. Minha primeira gravidez foi tão desejada e curtida, que logo que o Gabriel fez um ano já veio a vontade de passar por isso novamente. Desta vez, a natureza não demorou tanto e quando vimos o Bernardo já estava a caminho. E ele foi desejado e festejado como o nosso primogênito. Aí, ao mesmo tempo que senti a alegria de ter mais um filho, de dar um irmão para o Gabriel e de poder vivenciar a maternidade em dose dupla (inclusive o cansaço e a dedicação que me aguardam), senti a dor de me despedir de um filho único.

Por dois anos, o Gabriel recebeu nossa atenção exclusiva. Fiquei com ele o dia inteiro até os cinco meses, quando ele começou a escola meio período. Então, por um ano e meio, ele passou as manhãs na escola e depois o resto do dia comigo. E como foi intenso e maravilhoso poder curtir esses dois anos desta forma. Que felicidade poder acompanhar cada descoberta e cada nova fase coladinha com ele. Tive tempo para fazer natação com ele, para preparar refeições com todo o cuidado, para deitar e rolar no tapete de tanto brincar, de levá-lo ao parque e para passar tardes com a “Toto” (Maria Antônia, a outra “não gêmea” do blog).

Eis que o Bernardo apareceu e tivemos que fazer mudanças. Gabriel deve ter sentido do seu jeito (apesar que como ele ainda é pequeno, não acho que ele se deu conta de tudo o que vai mudar e até o que é uma reação às mudanças e o que faz parte do desenvolvimento dele e dos “terríveis dois anos”). Acho que eu estou sentindo mais do que ele.

Desde o início deste mês, no meu último mês de gestação praticamente, o Gabriel começou a ficar período integral na escola para se acostumar. Avaliamos que seria o melhor considerando a sua idade e que seria muito pesado pra eu ficar com os dois sozinha por meio período pelo menos nos primeiros meses do Bernardo. A ideia é manter assim só até final do ano e ano que vem estou achando que dou conta dos dois (vamos ver…torçam por mim rs).

Ele tem ficado super de boa na escola o dia inteiro. Eu é que sinto sua falta todo dia. E como me dói estar com ele por tão pouco tempo durante a semana agora. Só consigo vê-lo de manhã rapidinho antes de ir trabalhar e, quando ele chega da escola, temos umas duas horas entre brincadeiras, janta, banho e cama. Para quem passava tanto tempo com ele, confesso que não é fácil.

Sei que esta é a realidade da maioria das mães que trabalham o dia inteiro. E eu sei também o privilégio que tenho de ter um emprego de meio período que me permite aproveitar da melhor forma a infância dos meus filhos: passando tempo com eles. Então para quem se acostuma a isso, ficar sem eles dá um vazio no nosso dia…

É libertador também em alguns momentos, não vou negar. Com ele na escola, estou conseguindo, enfim, arrumar o quarto e as roupas do Bernardo (já no finalzinho do segundo tempo). Também não acho nada ruim conseguir almoçar com calma sem ter que engolir tudo às pressas como normalmente acontece quando estou com o Gabriel. Mas a saudade bate mesmo assim.

Passamos o berço já para o quarto do Bernardo e há mais de um mês Gabriel está dormindo numa caminha. A transição também foi tranquila. O que não será tranquilo, já imagino, é quando o Bernardo nascer. Estou esperando um Gabriel ciumento, carente e querendo atenção. Muito normal para a mudança que terá em sua vida.

Uma vez li uma comparação bem legal sobre não insistirmos que as crianças levem de boa a chegada de um irmão. Seria como se meu marido chegasse um dia e falasse: “Vou trazer outra mulher para morar aqui em casa, mas continuarei te amando da mesma forma. Não precisa estranhar e nem sentir ciúmes, pois vocês serão amigas.”

A saudade de não poder mais dar atenção apenas a ele já bate, mas faz parte. | Crédito: Eduardo Beltrame

A saudade de não poder mais dar atenção apenas a ele já bate, mas faz parte. | Crédito: Eduardo Beltrame

Até o Gabriel entender que há amor e espaço para os dois em nossas vidas (ainda mais considerando que ele acabou de fazer dois anos), vai demorar. Até ele começar a curtir o irmão e ver que podem ser parceiros por toda vida, vai demorar e eu estou bem consciente em relação a isso e me preparando, dentro do possível, para levar isso com tranquilidade e deixar que uma nova relação se construa no seu tempo.

E até lá, já fico dividida pensando que haverá os momentos em que os dois precisarão da minha atenção e eu não poderei atender – e pior, terei que escolher um deles. Lógico que com o Bernardo recém-nascido, a dedicação a ele será maior neste começo, mas depois espero encontrar um equilíbrio entre a atenção e o tempo que conseguirei dedicar a cada um deles.

Se lamento já não poder ficar tanto com o Gabriel, sinto também o fato de que o Bernardo nunca terá a mesma atenção exclusiva que o Gabriel teve por dois anos. E ele foi muito mimado sim e amado por toda família (e continuará sendo, não tenho dúvidas, mas agora terá o irmão para dividir as atenções). Enfim, são dilemas que fazem parte do pacote de ter mais de um filho.

E se a culpa bate e a saudade aperta, o amor cresce e me dá a tranquilidade de que vamos juntos encontrar uma maneira de fazer dar certo e de multiplicar todo o carinho que já existe em nossa família. Foi muito bom tudo o que vivemos até agora e espero ansiosa pelo que temos pela frente. Sou grata por ter um filho tão maravilhoso ao qual pude me dedicar exclusivamente por dois anos e ainda mais agradecida agora por poder receber mais um anjo para eu cuidar e amar. No mais, espero que os dois sejam parceiros e sintam o amor que temos para os dois desde já e para sempre. <3

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1 Comment

  1. Acompanhando tudinho e torcendo para que o Bernardo venha com muita saúde e traga ainda mais alegrias para essa família.
    Continua contando cada detalhe dessa experiência – quem sabe eu também não me empolgo?

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