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Tribos maternas: qual é a sua?

Postado em 19/09/2015 por em Comportamento | 4 comentários

Faz parte da natureza do ser humano ter grupos. “Nenhum homem é uma ilha”, como diria John Donne. Acabamos entrando para grupos com os quais temos mais afinidade e nos quais nos sentimos bem. Quando passamos a fazer parte do universo materno não é diferente.

Desde a gravidez, já passamos a nos diferenciar pelas escolhas. Há grávidas com enjoos, sem enjoos, neuróticas com alimentação, relaxadas…Mas acho que a primeira grande tribo que nos diferencia é pelo tipo de parto: normal ou cesárea (como já escrevi aqui).

Depois que o bebê nasce, o que acreditamos nem sempre é o que fazemos (Ser mãe é pagar a língua como escreveu a Ju, não é mesmo?). Nossas escolhas e nossa forma de criar nossos filhos acabam nos aproximando mais de uns grupos e nos afastando de outros.

No comercial The Mother’Hood, diferentes gangues de mães e pais se enfrentam |Crédito: Reprodução da internet

De repente, nos pegamos seguindo páginas no Facebook de alimentação consciente e ficamos chocadas quando vemos, na rua, uma criança pequena se empanturrando de doces e refrigerante. Acabamos preferindo trocar ideia com aquela mãe conhecida que também faz receitas saudáveis para seu filho e incentiva a amamentação prolongada. Ou nos aconchegamos no colo de uma mãe amiga que queria parto normal, mas acabou fazendo cesárea; ou que não conseguiu amamentar; ou que também acabou se rendendo à chupeta.

As divergências são importantes, nos fazem ter uma visão mais ampla, entender o próximo, mesmo que a gente não concorde. Mas, por nos sentirmos mais à vontade, acabamos nos aproximando (ou convivendo mais) de quem pensa mais como a gente, acho que é natural.

Eu não me acho ativista de nada, pois acho que isso exige um engajamento ao qual não me dedico. Mas sou simpatizante de alguns movimentos. Defendo o parto humanizado, incentivo a amamentação (em livre demanda) e prolongada, tento dar ao meu filho uma alimentação saudável e não vejo problemas na criação com apego (muito colo e cama compartilhada se necessário for). Lógico que não convivo só com mães que concordam ou passaram por isso, mas digamos que me sinto mais à vontade com quem compartilha das mesmas opiniões.

Por outro lado, as escolhas que fiz acabam me jogando em alguns grupos. Eu tive que (e quis também) voltar a trabalhar e, por isso, Gabriel já começou a ir à escola aos cinco meses. Pronto, já entrei para a tribo das mães que trabalham. Eu queria não ter dado chupeta, mas aos quatro meses o Gabriel começou a chupar o dedo e trocamos pelo bico. Desde então, dorme bem mais fácil e melhor (só usamos para a hora do sono mesmo). Pronto, já entrei para o grupo das mães que deram chupeta.

Na internet, vemos umas discussões tão intensas (e, às vezes, agressivas) de grupos “opostos”. Parto normal versus cesárea, quem amamenta X quem dá leite articial, quem dá a chupeta versus quem é contra qualquer tipo de bico artificial, mães que trabalham X mães que “só” cuidam do filho, mães que postam tudo do filho nas mídias sociais X mães que preferem preservar o pequeno. O pior de tudo é o julgamento que vem a partir do momento que você passa a integrar um grupo, no qual você nem sempre entra voluntariamente, mas é colocada pelas escolhas que fez ou teve que fazer.

Eu sinto culpa por ter dado chupeta, confesso. Não tiro foto dele de bico. Sinto vergonha quando dou a chupeta para o Gabriel dormir na frente de alguém que eu sei que condena o seu uso. Imagino a mãe que quis muito amamentar e não conseguiu e que se sente culpada por ter que dar mamadeira (ainda mais em público, como esse relato do blog Macetes de Mãe). Deve ser chato para a mulher que optou por uma cesárea eletiva ter que ficar se justificando que também era um direito dela e ponto. A gente se vê julgada de tudo que é lado, indepententemente da tribo que você escolheu estar ou participa mesmo sem saber só pelo fato de criar seu filho de determinada forma.

Tem um comercial estrangeiro bem bacana que viralizou na rede e até já postamos no Face do blog. Em “The Mother’Hood”, diversas “gangues de mães” se encontram em um parque infantil e partem para as provocações. No final, quando uma das crianças está em perigo, todo mundo esquece as diferenças. A mensagem é: “Não importa quais são as nossas crenças, todos somos pais e mães em primeiro lugar”.


E é bem isso. Vamos parar com a síndrome do #menasmain. Lógico, como mães, temos que nos informar e buscar o que achamos melhor para nossos filhos. Mas nem sempre o melhor de uma será igual ao da outra e isso deve ser respeitado (de preferência, sem julgamentos, né?). Ninguém é perfeita, mas não tenho dúvida de que todas as mães se esforçam para fazer o seu melhor.

Grupos são bons, nos acolhem e nos informam. Fique à vontade para integrar alguma tribo e, de repente, trocar de tribo, ou fazer parte de duas, três, dezenas delas. O importante é você se sentir bem para fazer o bem que acredita para o seu filho (ou não se sentir tão mal por alguma escolha que teve que fazer ou acabou fazendo). No final, somos todas parte de uma grande e maravilhosa tribo: mães que amam seus filhos e fazem o que podem para vê-los crescendo bem e felizes. <3

 

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4 Comments

  1. Marcela, parabéns!! Cheguei no blog por meio dessa reportagem e aproveitei para ler outras várias!! Está uma graça… Parabéns para as esaguianas!!!

    • Que bom, Elisa! A Ju foi realmente um dos grandes presentes da Esah! 😉 Obrigada e continue nos acompanhando. Beijos!

  2. Perfeita essa reflexão! É preciso estar sempre atenta para não julgar e não se chatear com o julgamento alheio. Respeito é o mínimo necessário para uma boa convivência. E ainda é bom lembrar que somos exemplos para nossos filhos!

    • E quanto responsabilidade é ser exemplo, né? Mas sempre penso nisso agora: se quero um mundo melhor para meu filho, eu preciso ser melhor e evitar julgar e desrespeitar alguém. Cada pessoa tem suas razões por fazer suas escolhas e, às vezes, só o peso da escolha já gera um peso pra essa pessoa que a última coisa que ela precisa é de um julgamento. 😉

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  1. Melhores links da semana - Só Melhora - […] Sabemos que há muitas pessoas com crenças diferentes das nossas, mas respeito é o mínimo necessário para uma boa…

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