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Como fazer a introdução alimentar

Postado em 22/08/2015 por em Alimentação | 4 comentários

Eu quis muito manter o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e felizmente consegui. Enquanto isso, fui lendo sobre introdução alimentar, fiz um curso com a nutricionista Ana Rubik e me consultei com a nutricionista Fabi Lima, amiga nossa.

Gabriel estranhando seu primeiro contato com fruta. | Crédito: Arquivo Pessoal

Gabriel estranhando seu primeiro contato com fruta. | Crédito: Arquivo Pessoal

No dia em que o Gabriel fez exatos seis meses (sim, eu gosto de trabalhar com os marcos certinhos como aguardar os 6 meses, até um ano sem sal e por aí vai…meio metódica, eu sei :P), nós demos sua primeira frutinha. Foi aquele momento lindo de vê-lo estranhando a textura, o sabor e achando que “só” por isso ele não tinha curtido muito. Mas, no nosso caso, o não curtir durou até praticamente os seus 9 meses.

Seguindo as orientações das nutricionistas, começamos com as frutas – que por serem mais doces, têm mais chances de aceitação. Depois de uns 15 dias, comecei a dar legumes com caldo de carne caseiro no almoço. E depois de mais 15 dias, passei a dar no jantar também.

Segui a cartilha, mas na prática o Gabriel não comia e continuava tendo o leite materno como sua principal fonte de alimentação. Eu tentava não me estressar, pois sabia que cada criança tem o seu tempo. Ao mesmo tempo, eu ficava ansiosa para que ele começasse a aceitar os alimentos, pois não aguentava mais ordenhar leite para enviar para a escola (como contei aqui).

Eu tentei dar todos os alimentos separados como é o indicado para o bebê sentir o sabor de cada um. Eu tentei fazer misturas. Eu tentei amassar só com o garfo como é o indicado. Eu experimentei uma vez bater tudo no mixer para ver se tinha mais aceitação. Eu tentei deixá-lo com bastante fome. Eu tentei dar o peito antes. Mas o que funcionou mesmo foi o tempo.

Só o tempo mesmo para o Gabriel aceitar numa boa os alimentos. Numa boa, porque ele até aceitava uma colherada ou outra, mas acompanhada de irritação e choro – então eu nem insistia.

No início, era só eu colocá-lo na cadeira de alimentação ou pegar o babador e a colher que ele já começava a chorar. Na minha cabeça eu repetia que tinha que ficar tranqüila, que era normal… Mas confesso que era um momento tenso e estressante. Eu ficava ansiosa toda vez que chegava a hora da refeição, pois sabia que provavelmente ia ser assim – mas tentava não demonstrar para que o Gabriel não sentisse também meu nervosismo.

Outra coisa que precisamos neste início é abaixar as expectativas – não criar expectativa na verdade. Na época em que o Gabriel começou a introdução alimentar, a Maria Antônia (filha da Ju, outra autora do blog) já comia muito bem (como continua até hoje). Eu tinha visto a Ju com as comidinhas dela e, quando comecei a preparar as do Gabriel, coloquei em potes do mesmo tamanho. Com a grande rejeição do Gabriel, reduzi as porções a um quarto do que colocava no início. Mesmo assim, nunca cozinhei tanto e joguei tanta comida fora como neste início. Não entendam o fora como lixo, até porque eu virei o lixo das comidas rejeitadas pelo Gabriel – como todas as mães, imagino.

Na escola, eu mando as refeições (lanche e almoço – já que ele só fica meio período) e as professores anotam o horário em que foram servidas e o quanto ele comeu. E vieram muitas anotações “nada” na agenda, que depois evoluíram para “pouco”. Em casa não era diferente – acho até que era pior, porque até hoje tenho a impressão de que o Gabriel come melhor na escola quando sabe que eu não estou junto para dar o peito (sim, porque mesmo com a introdução alimentar, a livre demanda continua por aqui).

Felicidade de mãe é ver o filho raspar o prato. | Crédito: Arquivo Pessoal

Felicidade de mãe é ver o filho raspar o prato. | Crédito: Arquivo Pessoal

Com uns oito meses, Gabriel começou a aceitar melhor os alimentos e o pouco que ele comia na escola era o suficiente para eu não precisar mais enviar leite (o que foi um alívio pra mim). Mas só posso dizer que ele realmente começou a comer bem – de raspar o prato – lá pelos seus nove meses.

Mesmo assim não é todo dia. Não vou nem falar da água que ele só foi tomar uns goles com uns 10 meses e ainda hoje toma pouco.

O que estou aprendendo neste processo cheio de variáveis da introdução alimentar (como é toda a maternidade, na real), é que não existe regra e nem padrão. Precisamos buscar orientações, é claro, mas o que funciona com um pode não funcionar com outro.

Então se você se sentiu atraída pelo título do post e achou que eu poderia dar dicas de como fazer a introdução alimentar, eu só posso dizer (até porque não sou da área da Saúde) que paciência e tranquilidade, mais uma vez e como sempre, é o que mais temos que ter. Não dá de forçar o bebê a fazer algo para o qual ele não está pronto e ele tem o seu tempo (que pode ser diferente do padrão e de outras crianças) e é preciso respeitá-lo.

Ainda hoje abro a agenda da escola ansiosa para ver se está anotado que o Gabriel comeu “tudo” – o que mais ocorre agora, ainda bem. Mas tenho a consciência de que o “tudo” pode ser “nada” em alguns dia e está tudo bem, desde que ele esteja crescendo bem e saudável.

Nosso freezer só tem lugar para as comidas do Gabriel agora. | Crédito: Arquivo Pessoal

Nosso freezer só tem lugar para as comidas do Gabriel agora. | Crédito: Arquivo Pessoal

Agora estou em uma nova fase de procurar receitas saudáveis e diferentes para o Gabriel. E eu, que nunca fui de cozinhar, passo horas no preparo de suas refeições. Pra ser mais prático, eu cozinho em uma ou duas noites e congelo as refeições que duram por uma semana, 10 dias.

Tenho um orgulho de pensar que hoje, com 11 meses, Gabriel só comeu refeições caseiras (mesmo em viagens quando levei tudo em bolsa térmica). É exaustivo, mas dá até gosto cozinhar tanto e vê-lo comer tudo.

Agora que ele vai fazer um ano, já fiz um curso com a Fabi Lima pra ter mais referências (aliás, super indico o curso). Afinal, quando o bebê completa um ano os pediatras dizem que a alimentação já pode ser igual a da família (E se a família não tem uma alimentação saudável, como faz?! rsrs).

Espero que essa introdução alimentar do Gabriel seja a minha reeducação alimentar também. Lógico que depois que ele fizer um ano, vou desencanar um pouco e arriscar dar outras refeições que não só as que faço em casa. Mas espero que ele tenha uma alimentação mais saudável do que a minha e por isso estou tão empenhada nesta formação de paladar inicial. E querem saber? Ele já comeu, nesses poucos meses, mais alimentos saudáveis (como quinoa e aveia) do que eu em 30 anos rsrsrs Acho que estamos no caminho certo! 😉

Observação 1: Já leram o post da Ju sobre “Ser mãe é pagar a língua?” Pois bem, eu tinha lido artigos em que especialistas recomendam que não se associe a refeição à brincadeira. Então, o melhor seria evitar fazer o famoso aviãozinho com a colher e até não deixar brinquedos disponíveis nessa hora. Eu me preparei para agir assim, mas com o Gabriel tem vezes que recorro ao aviãozinho para garantir mais colheradas e até separei um potinho de brinquedo para ele associar que é o brinquedo da hora da refeição. Quando ele começa a ficar irritado, dou o tal pote e ele se acalma e come mais um pouco. Nunca o coloquei na frente na TV nem nada pra comer (péssimo hábito que eu mesma tenho) e vou tentar não fazer isso. Mas ser mãe é pagar a língua, né? Então nem vou arriscar a dizer que isso nunca acontecerá.

Observação 2: Tem um post no blog Macetes de Mãe com dicas para a hora da refeição não virar um pesadelo que acho bem realista. Leiam aqui.

Observação 3: A maneira que fiz a introdução alimentar – de começar com frutas, aguardar um tempo para dar o almoço e mais um pouco para o jantar – foi a que escolhi com base no que li e nas orientações que recebi. Mas conheço outras mães que, assim que o bebê fez seis meses, já incluíram todas as refeições de uma vez só e funcionou. Como tudo na maternidade, cada mãe deve avaliar e fazer o que acha melhor – nesse caso, é bom ouvir o pediatra ou até consultar uma nutricionista, pois há alguns alimentos que são recomendados dar depois para evitar alergias.

Observação 4: Existe um método de introdução alimentar chamado BLW (Baby-led Weaning), que defende que devemos desde cedo deixar o bebê comer com suas próprias mãos. Não segui esse método, mas tentei deixar pedaços de fruta, por exemplo, na frente do Gabrie para ver se rolava. Ele nem encostava. Só com uns 10 meses é que ele começou a levar o alimento na boca e é muito legal ver esse desenvolvimento (ignorando toda a sujeira que fica no cadeirão, no chão, na roupa dele…). Mas já li na internet relatos de quem desde os seis meses adotou o BLW e funciona. Vejam aqui uma reportagem sobre isso se tiverem interesse.

 

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4 Comments

  1. Uallll que post incrível! ! Adorei.
    Olha soh minha situação: meu filho completou 6 meses e o pediatra pediu para incluir de tudo, sim …feijão e mais um monte de coisa, mas claro que vou com calma hahah meu dilema eh o seguinte, me ajude com sua opinião:
    Sempre fui a favor a livre demanda do LM (amooo amamentar) soh que o pediatra estipulou horários, veja o que ele fez:
    6:30 LM
    9:00 fruta mas se o bebê não comer NÃO é pra dar LM se não ele vai acostumar
    Dar água nos intervalos das refeições
    12:00 almoço. Mesma coisa se não comer não eh pra dar LM
    15:00 fruta
    17:00 LM
    19:00 LM
    21:00 LM
    22 ou 23 LM (meu babys toma banho as 22 e na sequência já dou LM e ele dorme.
    Me ajuda nessa questão, que opinião vc tem sobre isso?
    Meu marido eh a favor de seguir corretamente o que o pediatra pediu mas o que ele sabe e já cansei de falar eh que o bebê não pode passar fome.
    Me ajuda aí, to super confusa, o que vc acha das orientações que o pediatra passou???

    • Oi, Elaine!

      Que bom que você gostou do post. Olha, eu continuei com a livre demanda. Sim, ouvi de algumas pessoas (inclusive de profissionais) que meu filho não aceitava os alimentos porque eu sempre dava o peito e aí ele sabia que podia rejeitar a comida já que teria o peito depois. Por algumas vezes (bem poucas), eu tentei não dar o peito. Ele não quis comer e eu tentei não dar o peito de imediato. Mas não consegui aguentar ele chorando por muito tempo e cedi ao meu instinto que dizia pra dar o peito. E daí decidi que ia dar o peito mesmo e desencanei.

      Eu fazia assim: oferecia primeiro a comida, mas caso ele não quisesse, depois eu dava o peito. Na escola, ele começou a ficar bem sem meu leite ordenhado a partir dos 8 meses, mas quando está comigo (eles são espertos, né), ele acaba pedindo pra mamar e eu dou – não acho que tenha problemas, mesmo que não seja fome e seja só pelo aconchego.

      Eu, sinceramente, não acho que o fato de eu manter a livre demanda o fez rejeitar os alimentos. Acho que cada criança tem seu tempo. De uma hora pra outra, ele começou a aceitar melhor as comidas, mas ainda hoje mantenho a livre demanda. Eu li uma vez que até um ano o leite continua sendo a principal fonte de alimentação do bebê.

      O mais importante disso tudo é acompanhar o crescimento do bebê com o pediatra. O Gabriel sempre engordou bem, mas durante esses três primeiros meses de introdução alimentar, ele engordou bem pouco. Eu fiquei tranqüila, porque sabia que fazia parte.

      Mas assim: estou te dizendo tudo isso com base no que eu fiz, que foi manter a livre demanda. Acho que podes procurar uma segunda opinião de outro pediatra ou até de uma nutricionista de repente, que possuem o conhecimento técnico para te orientar.

      Importante é você ficar tranqüila com essa fase e com a sua decisão. Acho que não tem certo ou errado, vivemos de tentativas que às vezes funcionam e outras não. O importante é o bebê estar saudável.

      Boa sorte e fique calma que um dia eles começam a comer e é muito gostoso curtir essa nova fase com eles. 😉

      PS: Dizem que a introdução alimentar é o início do desmame natural. Por aqui, continuamos firmes na amamentação e torço para que continuemos assim por mais tempo. Como você, eu amo amamentar! <3

  2. hehehe Adorei a carinha do Gabriel na primeira foto! hehehe Ri muito aqui!
    Fizemos a introdução alimentar de forma bem parecida… (até parece que tivemos a mesma nutricionista?!?! hehehe) e o Vinicius também demorou um pouco para comer “porções inteiras”… e eu também continuei a dar leite quando ele não comia muito… e também deu tudo certo por aqui. Hoje, com 2 anos, ele é muito bom de boca! 🙂
    Ah! também preparava todas as refeições em casa. Quando fui tentar dar papinha de pote (porque facilitaria muito numa viagem que fizemos), ele rejeitou veementemente!

    • Pois então, quem será a nossa nutricionista, né? 😉 Tomara que por aqui o Gabriel também seja bom de boca!

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  1. 5 canais legais para inspirar uma alimentação saudável | Não são gêmeos - […] já contei aqui, Gabriel não foi daqueles bebês que logo curtiu uma comidinha fora leite materno e saiu papando…

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