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Mãe também é gente

Postado em 27/11/2015 por em Comportamento | 2 comentários

Mesmo com o tão sonhado filho nos braços, temos o direito de nos sentir cansadas. | Crédito: Arquivo pessoal

Mesmo com o tão sonhado filho nos braços, temos o direito de nos sentir cansadas. | Crédito: Arquivo pessoal

Quando a gente tem filho, surge um sentimento de proteção e um amor tão grande que queremos fazer tudo por ele. É uma responsabilidade tão grande que nos faz esquecer, às vezes, de que precisamos nos cuidar também (ainda mais no pós-parto).

Nos primeiros meses, o Gabriel chorava muito. Teve algumas vezes, em que eu estava sozinha com ele e tinha que o deixar assim aos berros para conseguir fazer um xixi ou comer qualquer coisa para me sustentar. Eu tentava me confortar repetindo até em voz alta: “Filho, mãe também é gente”. Tadinho, ele não tinha culpa de nada, afinal, era só a maneira de ele se expressar em um mundo totalmente novo pra ele (e pra mim). Mas falar essa frase (tipo um mantra nos primeiros meses) era até uma forma de diminuir minha culpa por deixá-lo chorando para poder fazer alguma necessidade básica.

E essa culpa nos acompanha diariamente e nos faz esquecer de que nós também precisamos de cuidado e compreensão. Mãe também é gente, por isso tem o direito de ficar triste, mesmo que a felicidade esteja nos seus braços; pode reclamar de cansaço, mesmo tendo desejado tanto seu bebê; pode sentir falta da vida de antes de engravidar, mesmo amando a nova constituição da família (lembram do texto “Confusão em cabeça de mãe” da Talita no #VisitadeMãe?). Somos humanas e, com certeza, não somos perfeitas. Aliás, mãe perfeita não existe, né?

Às vezes, pode sim bater uma saudade da vida de antes. | Crédito: Arquivo pessoal

Às vezes, pode sim bater uma saudade da vida de antes. | Crédito: Arquivo pessoal

Não me venham com a frase: “Quis ter um filho, agora aguenta!”. É lógico que vamos aguentar, é claro que vamos dar conta. Mas vez ou outra reclamar do cansaço é um direito nosso sim, assim como perder a paciência (Leiam o texto “A noite em que minha paciência acabou” do blog Mãe da Cabeça aos Pés). E não precisamos de ninguém nos apontando o dedo e dizendo: “Eu avisei”. Precisamos de compreensão e de um abraço que diga: “faz parte”, “vai melhorar”, “acontece”…

Por isso, mães: uni-vos! Estamos todas no mesmo barco! Somos todas mães, tentando fazer nosso melhor para nossos filhos, ao mesmo tempo que queremos ser mulheres, esposas, ter mais tempo para o filho, para o casal e para si.

Foi muito compartilhado na internet na última semana um texto sobre a desconstrução da maternidade romântica (recomendo a leitura na íntegra aqui). A autora Julia Harger, do blog Vegana é a sua mãe, diz em uma parte:

Mãe é uma mulher que sonhou com a maternidade romântica e sofreu muito para adaptar-se quando viu que a realidade é bem diferente. E que, por conta da poesia que todos pensam quando se fala em “ser mãe”, ela não se sente no direito de reclamar. Não sem se sentir envergonhada ou culpada. Porque MÃE É MÃE, dizem todos. Essa frase opressora que serve de justificativa para que aceitemos todo o peso da maternidade sem reclamar, quase como se fosse “agora aguenta”.

A maternidade é linda, mas não é fácil. Quem é mãe, sabe. Quem ainda não é, vai saber. Na minha opinião, a parte boa sempre compensa – o que não quer dizer que precisamos enfrentar a parte ruim caladas e sofrendo sozinhas. Afinal, mãe também é gente. <3

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2 Comments

  1. Tinha que deixar registrado, aqui também, como assino embaixo dessas palavras, Marcela. Quem sabe se todas nós continuarmos repetindo que “tudo bem se sentir cansada” e “tudo bem sentir saudade da vida antes da maternidade” as outras mães comecem a acreditar nisso também 😉

    • Obrigada, Tá! Pois é…temos que nos permitir. 😉

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