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Visita de Mãe: Confusão de cabeça de mãe

Postado em 01/07/2015 por em Comportamento | 2 comentários

Hoje recebemos a visita da Talita, uma de nossas leitoras mais participativas (que bom!). Ela é casada com o seu “príncipe Charlles” e é mãe do Vinicius, de 2 anos. Musicoterapeuta de formação e mestre em Psicologia Social, a Talita trabalha como servidora pública federal. No texto abaixo, ela compartilha conosco a confusão que existe nas nossas cabeças, ainda mais depois que nos tornamos mãe. Seja bem-vinda, Talita! E volte sempre! 😉

 

Confusão de cabeça de mãe | Por Talita Rodrigues Nunes

 

Arquivo Pessoal

Crédito: Arquivo Pessoal

Em outro texto aqui do blog, a Marcela comentou sobre a “normal” confusão de cabeça de mãe. Eu achei esse termo tão adequado para o contexto que, quando ela me pediu para escrever algo para cá, pensei que esse seria um bom ponto de partida. Cabeça de mãe é mesmo confusa. Se a sua não é, precisamos conversar!

 

 

E não é só porque temos acesso a muita informação (como a Marcela já escreveu aqui) ou porque sempre tem alguém dando pitaco do nosso lado… é que na prática, a teoria é outra (a Juliana já falou disso aqui). A verdade é que toda mãe é composta por uma mistura de sentimentos.

 

Já nos primeiros dias de vida do bebê somos invadidas por um amor tão intenso quanto conturbado. É uma felicidade imensa ter finalmente aquele serzinho nos nossos braços, mas no meio de muita choradeira (deles e nossa) percebemos que a vida virou um caos. Queremos amamentar exclusivamente no peito e em livre demanda, mas também queremos que o bebê tenha uma rotina que inclua dormir a noite toda. Queremos manter acesa a chama do casamento, mas também queremos simplesmente usar um moletom e descansar no sofá da sala. Queremos voltar à nossa vida profissional ativa, mas também queremos estar presentes em todas as conquistas do desenvolvimento do bebê. Lembro que nesses primeiros meses eu pensava: “posso ser mãe só de manhã?”

 

Aí o filho cresce um pouquinho e a cabeça fica a mil decidindo se o melhor é deixar ele no colégio em período integral – e não conseguir nem almoçar com ele – ou deixá-lo meio período em casa – com uma pessoa “estranha” sem supervisão. Nosso coração se parte em pedaços na dúvida entre manter uma educação coerente e consistente e permitir que o pequeno estabeleça sua própria história com os outros. Foi sofrido para mim entender que minha relação com meu filho é uma, minha relação com meus pais é outra e a relação do meu filho com os meus pais é outra ainda. E dar espaço para que duas crianças resolvam sozinhas quem vai ficar com o brinquedo, correndo o risco do meu filho sair perdendo ou machucado? Muito difícil.

O que nós vamos ser quando nossos filhos crescerem? Continuaremos a ser suas mães. E continuaremos com nossos sentimentos misturados. E continuaremos com nossa cabeça confusa.

Aí ele cresce mais um pouco e a gente continua dividida entre permitir que ele desenvolva sua independência e cuidar para que ele não se machuque. A gente incentiva que eles brinquem na rua para pegar sol, mas tem medo que eles caiam no parquinho. A gente estimula que eles pratiquem esporte, mas não gosta das bolas correndo dentro de casa. A gente espera que eles tenham opinião, mas não deixa que eles andem descalço no piso gelado.

 

E a saudade da vida antes de ser mãe, então? Quem consegue entender que agradeçamos todos os dias a bênção de ser mãe dessa criança linda e inteligente e, ao mesmo tempo, tenhamos tanta saudade de como a vida era boa antes dela chegar… ? Somos mesmo muito confusas.

 

talita_naosaogemeos_2

Crédito: Arquivo Pessoal

Ultimamente tenho me interrogado muito sobre viagens. Há tantos lugares, pessoas, culturas que quero apresentar para o meu filho… Mas também há tantos programinhas românticos, nights e festas que quero fazer com meu marido… Precisamos de tempo só para gente, para se conhecer, se curtir, se gostar… mas de que vale a vida se não for para aproveitar cada minuto com aquela pequena pessoinha que tanto amamos?

 
Muitas vezes eu acho o filhote confuso porque, ao mesmo tempo em que ele quer comer e tirar os sapatos sozinho, ele pede colo para ver um filme ou quando está cansado. Mas mais confusa ainda sou eu, que me esforço para criar um filho consciente e independente, mas morro de medo de perdê-lo pelo mundo. Já me peguei perguntando: “filho, não queres voltar para a barriga?” Ao que ele respondeu: “mamãe, eu não ‘cabo’ mais na sua barriga!”

 
Minha caminhada como mãe ainda é pequena, mas percebo que essa confusão teima em permanecer na cabeça das mães. Minha mãe, que já tem bem mais de 30 anos nessa estrada, ainda experimenta esse mix de emoções. Por um lado ela quer se fazer sempre presente na minha vida (incluindo minha vida enquanto mãe), por outro não quer ser invasiva e intrometida. Ela diz que ama seu neto, mas que não devo esquecer que eu é que sou sua filha, não ele. (Te amo, mama!)

 
É como diz aquela campanha publicitária: o que nós vamos ser quando nossos filhos crescerem? Continuaremos a ser suas mães. E continuaremos com nossos sentimentos misturados. E continuaremos com nossa cabeça confusa.

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2 Comments

  1. Parabéns Talita…. Você descreveu exatamente os conflitos que passam em nos cabeça, Relação de amor e deveres com nossas crias… Beijinhos

    • Obrigada, tia!! Beijos

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