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O desmame do Gabriel

Postado em 08/04/2016 por em Amamentação | 4 comentários

Gabriel mamando no seu primeiro mês de vida. | Crédito: Arquivo Pessoal

Gabriel mamando no seu primeiro mês de vida. | Crédito: Arquivo Pessoal

Depois que eu me apaixonei pelo ato de amamentar – que não foi amor à primeira vista como já contei aqui -, eu não tinha definido até quando gostaria de amamentar. Pensava em levar até os dois anos se o Gabriel quisesse, mesmo porque já não era algo que me exigia muito.

Desde um ano mais ou menos, o Gabriel por ele mesmo passou a estabelecer seus horários de mamadas. Ele mamava ao acordar, quando eu o pegava na escola – por volta das 13h30 – e antes de dormir. O tempo da mamada também era pouco – uns cinco minutos no máximo.

Antes de um ano, eu ainda usava o peito como recurso pra tudo. Caiu e chorou, botava no peito. Está com sono e não se rende, peito. Aos poucos, vi que não era mais necessário. Eu podia confortá-lo com muito colo.

Gabriel também nunca foi de puxar minha blusa quando queria mamar. Ele dava sinais de que queria o peito, mas de maneira quase sempre tranquila.

A mamada pós-almoço foi a primeira que resolvi tirar. Isso porque eu percebi que era apenas um hábito que ele tinha quando chegávamos na nossa casa. Eu não podia nem tirá-lo do colo quando entrávamos em casa, tinha que sentar e dar o peito direto se não ele abria um berreiro. Mas isso só acontecia em casa, pois quando estávamos em outro ambiente ele nem pedia peito nessa hora. Com as férias do fim de ano e a mudança de rotina, ele mesmo se esqueceu da mamada nesse horário e passei a substituir por mais um lanche.

Crédito: Arquivo pessoal

Crédito: Arquivo pessoal

Quando eu descobri que estava grávida novamente e que o bebê nasceria pouco depois de o Gabriel completar dois anos, me dei conta de que teria que desmamar antes do que eu imaginava – isso porque, por uma decisão pessoal, eu não queria ficar amamentando dois ao mesmo tempo (o que é possível). Eu quero ter a mesma dedicação desse momento que tive com o Gabriel com o novo bebê que vem aí. Considerando que minha gravidez não é de risco e que eu poderia continuar amamentando até quando quisesse, minha expectativa era de que o próprio Gabriel largasse por conta. Dizem que o gosto do leite muda com a gravidez e muitas crianças deixam de mamar por isso. Se isso não ocorresse, pensava em fazer o desmame uns três meses antes do nascimento do bebê.

Eu achei que ia ser tranquilo de toda forma, porque sabia que o Gabriel não tinha mais necessidade de mamar. De manhã, se meu marido acordasse antes e desse fruta pra ele, ele nem lembrava de pedir o peito. De noite, algumas vezes ele dormia no carro sem mamar e ia até o dia seguinte. Então não era algo que estava me preocupando muito.

Eis que, há um mês, Gabriel teve uma estomatite. Por causa das feridas na boca, não aceitava comida nenhuma e nem peito. Foi sofrido pra todo mundo! Quando ele ficou bom, uns 10 dias depois, resolvi aproveitar o embalo e não oferecer mais o peito.

De manhã, como era de se esperar, foi bem sossegado. Ele até pediu pelo “mamá” algumas vezes quando o peguei no berço, mas logo que o colocava na cadeira de amamentação e dava fruta, ele ficava satisfeito sem choro e sem irritação. De noite, no primeiro dia que não ofereci o peito, ele começou a chorar quando o coloquei direto no berço só com a chupeta.

(Observação 1: Gabriel usa bico desde os quatro meses apenas para dormir. Morro de culpa, mas, no caso dele, foi uma diferença enorme na qualidade do sono e no tempo que ele levava até adormecer, muitas vezes aos berros. Restringimos o uso da chupeta realmente apenas para dormir. Tenho consciência de que terei o problema de tirar a chupeta mais pra frente, o que pretendo fazer logo, mas uma coisa de cada vez)

Aí eu resolvi dar o peito. Ele não mamou nem um minuto e foi pro berço. Decidi que, se ele chorasse, eu daria o peito; se ficasse de boa, não daria. Na segunda noite, fizemos a rotina do sono, o coloquei no berço e ele ficou de boa.

(Observação 2: Com a chupeta, já faz um tempo que o Gabriel aprendeu a dormir sozinho. A gente o deixa no berço e ele, quase sempre, dorme depois que saímos do quarto, sem choro)

E assim está até hoje, cerca de um mês depois. Então acho que posso considerar que ele desmamou.

O meu leite já era pouco pela pouca quantidade que ele mamava então nem precisei fazer nada. Meu peito não inchou nem nada quando parei de amamentar totalmente. Acho até que não tenho mais leite nenhum.

Um dos meus momentos preferidos do dia: amamentar o Gabriel antes de dormir. | Crédito: Arquivo Pessoal

Guardo na memória como foi bom amamentar o Gabriel por tanto tempo. | Crédito: Arquivo Pessoal

Foi um processo super tranquilo pra mim e pra ele. Apesar de ele ser pequeno, conversei com ele durante o processo e, nos primeiros dias, quando ele soltava um “mama” eu explicava que não tinha mais porque ele já era grande e não precisava mais; e que mamãe continuaria a dar muito colo e carinho pra ele. Imagino que quando a criança é mais velha, talvez seja mais fácil de ela entender a situação na base da conversa.

Não substituí o leite materno por nenhum tipo de leite, pois, segundo nutricionistas que consultei, isso não é necessário considerando ainda que o Gabriel come super bem. Uma dica boa nesse processo foi oferecer água. Antes mesmo de iniciar o desmame, quando o Gabriel acordava de madrugada (já eram poucas vezes), eu e meu marido passamos a oferece água. E ele bebia um monte, porque tinha muita sede. Até pra facilitar essa transição de retirada de peito de madrugada, meu marido que ia até ele de noite com a água quando ele acordava, porque se eu fosse a chance de ele querer peito mesmo assim era muito maior. Fizemos isso depois que ele fez um ano, eu acho, e deu bem certo. Desde essa época, o Gabriel já dorme à noite toda – menos quando está doente, é claro. Até hoje o copo de água fica ao lado do berço. A primeira coisa que fazemos quando ele acorda é oferecer água e ele toma um monte.

Cheguei a fazer um curso muito legal de desmame natural com a psicóloga Gabriela Feijó e com a enfermeira Caroline Scheuer, (Amiga Materna), a qual eu já tinha recorrido quando precisei de consultoria em amamentação e que me mostrou a libertação da livre demanda. A Carol deu várias dicas que usei no processo do desmame, como oferecer comida ao invés de peito, tentar distrair a criança com brincadeiras se ele pedisse peito, entre outras.

O que ela nos disse de mais marcante, mas que nem precisei seguir porque já estávamos em outro ritmo na nossa casa, é que, quando se decide desmamar, temos que parar com a livre demanda e passar a estabelecer os horários das mamadas que julgamos mais importantes. E, aos poucos, ir diminuindo as mamadas até cessar. Pra quem amamenta em livre demanda, fazer esse movimento contrário pode ser difícil, mas realmente é a forma mais natural.

Como tudo na maternidade, cada mãe vai decidir quando quer desmamar, caso a criança não decida primeiro (o que pode acontecer: de o bebê não querer mais peito de um dia para outro). Eu acho que amamentar tem que ser bom para a criança e para a mãe. Quando começa a incomodar de alguma forma ou se está muito sofrido, talvez seja a hora de pensar numa forma de fazer o desmame.

Eu e o Gabriel participando do Dia do Mamaço em 1º de agosto. | Crédito: Arquivo Pessoal

Eu e o Gabriel participando do Dia do Mamaço em agosto do ano passado. | Crédito: Arquivo Pessoal

Aqui em casa não era algo que me incomodava de forma alguma, mas, até pela segunda gestação, eu queria deixar de amamentar logo. Gabriel mamou exclusivamente até os seis meses e continuou no peito até um ano e meio. Tenho muito orgulho disso e acho que já foi um período bom de dedicação. Por isso, não senti culpa por parar de amamentar agora. Guardo com muito carinho essa experiência e espero que seja boa e longa também com o segundo filho.

Fico feliz pela nossa história de amamentação e, modéstia à parte, orgulhosa do que traçamos juntos neste capítulo das nossas vidas. Continuamos a ter momentos nossos e o amor continua de outras formas. Lógico, a saudade até bate às vezes, o que me deixa feliz – afinal, só sentimos saudades do que foi bom. E como foi bom enquanto durou ! <3

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4 Comments

  1. Que linda história! Meu filho também mamou bastante, até dois anos e um mês. Hoje tem dois e quatro mas ainda se lembra e fala do mamá, e dá tchau para meu seio se despedindo. É um fofo!

    • Obrigada pelo comentário, Shenia! Guardo com muito carinho este capítulo na nossa história. Que bom que você conseguiu amamentar por tanto tempo também! É muito bom, né? Um beijo para vocês!

  2. Que bom que foi tranquilo para vocês dois! Um final feliz para uma linda história 🙂
    E que bom que esse moço tá comilão assim!

    • Pra quem demorou a gostar de comer, mudança radical por aqui. Agora é uma draguinha saudável, graças a Deus. rs

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  1. Tchau, chupeta! | Não são gêmeos - […] sim a nossa vida no processo de sono dele. Facilitou o próprio desmame, como contei neste post. Mesmo assim, sempre…

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