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O sonho está nos meus braços

Postado em 16/07/2015 por em Gravidez, Parto | 2 comentários

Gabriel veio direto para meu colo | Crédito: Arquivo pessoal

Gabriel veio direto para meu colo | Crédito: Arquivo pessoal

No post anterior, eu compartilhei todo meu longo trabalho de parto. Se você não leu, veja aqui. Gabriel nasceu de parto normal e veio direto para meus braços. Ele ficou no meu colo enquanto a pediatra o examinava e até o cordão umbilical parar de pulsar. O Dr. Fernando Pupin (meu obstetra) disse para eu e meu marido segurarmos o cordão pra sentir a pulsação e foi incrível. Ficamos acho que uns 10, 15 minutos nesse estado de êxtase com o Gabriel no meu colo até o cordão parar de pulsar e o Eduardo o cortar.

Enquanto eu olhava o meu filho e conversava com ele, Dr. Fernando me suturava. Como Gabriel veio de uma vez só, tive laceração e precisei levar vários pontos. Como tinha tomado analgesia, na hora nem senti nada. (Não foi feita episiotomia, pois não se indica mais esse procedimento como padrão. A laceração normal que pode ocorrer no parto é bem melhor do que a episiotomia)

O que deixa o meu relato ruim não é o parto em si como foi, mas o pós-parto. Normalmente, quem tem parto normal tem uma recuperação rápida e horas depois já está de pé e super disposta para cuidar do bebê. Comigo não foi assim.

Perdi muito sangue depois que o Gabriel nasceu e tive uns desmaios logo depois do parto. Nos dois dias seguintes, eu não conseguia me levantar da cama de fraqueza e tive muita dor de cabeça. Precisei receber uma transfusão de sangue para me recuperar.

Lembro que no primeiro ou segundo dia pós-parto, eu estava na cama da maternidade nesse péssimo estado, me sentindo super indisposta, e falei para meu obstetra que eu achava que estava pior do que se tivesse feito uma cesárea (Nessa hora, eu só ficava lembrando da Ju que, ao meu ver, tinha tido uma ótima recuperação após sua cesárea. Isso porque fui visitá-la em casa duas semanas depois do nascimento da Maria Antônia e ela nem parecia que tinha passado por uma cirurgia). E ele riu e disse que eu estava dizendo isso porque não tinha passado por uma. Mas, depois, o Dr. Fernando disse uma frase que me marcou, me fortaleceu naquele frágil momento e me emociona até hoje: “Não foi o parto dos sonhos, mas o sonho está nos teus braços”. E que sonho lindo que virou realidade!

Foi uma experiência transformadora! | Crédito: Eduardo Beltrame

Foi uma experiência transformadora! | Crédito: Eduardo Beltrame

Falando em lindo, acho lindo quem teve um parto rápido, quem foi mais forte e não tomou analgesia, quem teve o filho na água, quem diz que não sentiu dor…. Comigo não foi assim. Demorou mais do que eu imaginava, eu me rendi à analgesia, tive deitada na cama (numa posição que não é a mais indicada) e sim, doeu muito. Mas eu me sinto vitoriosa assim mesmo por ter tido um parto normal e ter passado por essa experiência transformadora.

Poder ter tido a chance de sentir as contrações, perceber a cada contração que meu filho estava vindo, no seu tempo, depois vê-lo e senti-lo sair de mim e tê-lo nos braços de imediato, acalentá-lo, sentir o seu corpo, a sua temperatura, a sua respiração, o cordão umbilical pulsar ainda nos ligando para só depois de uns bons minutos, quando terminou a pulsação, ter sido cortado….só quem passa por isso para saber o que é essa emoção.

Nos primeiros dias pós-parto, no estado debilitado em que eu estava, me questionei se eu tinha feito a melhor escolha, se eu precisava mesmo ter passado por isso (Será que não era melhor ter feito uma cesárea?!) e até se eu teria coragem de passar por outro parto normal. Mas, com o tempo, felizmente, acho que até como um mecanismo de defesa da nossa mente, a gente esquece da dor que sentiu e do que foi ruim e só fica com a lembrança boa de ter vivenciado um momento inesquecível.

Até porque o que aconteceu comigo não é o comum em partos normais, que possuem uma recuperação bem melhor e rápida. Infelizmente, em poucos casos, pode haver alguma complicação e comigo foi assim.

Dr. Fernando disse uma frase que me marcou, me fortaleceu naquele frágil momento e me emociona até hoje: “Não foi o parto dos sonhos, mas o sonho está nos teus braços”.

Eu levei um tempo pra querer entender o que ocorreu. Quando voltei ao meu obstetra, oito meses depois do parto, me senti pronta pra tirar dúvidas com ele sobre o que aconteceu e porque eu tive complicações. E, na verdade, não tem muita explicação. Tem trabalho de parto que é super rápido e outros que não são. O meu não foi, mesmo eu já estando com grande dilatação quando cheguei na maternidade. Por ter tomado analgesia, perdi um pouco a sensibilidade e não consegui fazer força no lugar certo. Por isso, o médico teve que usar o vácuo-extrator para ajudar o Gabriel a sair.

Não, não me arrependo da minha escolha em insistir em um parto normal. Sim, eu passaria por tudo de novo. Sim, quando eu tiver outro filho, espero poder ter parto normal novamente e quem sabe até natural. Confesso que já fico até sonhando em vivenciar novamente essa emoção.

Só fui amamentar o Gabriel na manhã seguinte, tamanha era minha fraqueza. | Crédito: Arquivo Pessoal

Só fui amamentar o Gabriel na manhã seguinte, tamanha era minha fraqueza. | Crédito: Arquivo Pessoal

Eu espero muito poder amamentar na primeira hora, o que não consegui fazer com o Gabriel tamanha era a minha fraqueza. E sim, eu espero poder ter a benção de ter uma gravidez tranquila como foi a primeira e poder sentir essa emoção de parir novamente. Porque a dor passa e se transforma em força e orgulho por ter passado por uma experiência tão intensa, mas tão benéfica pra mãe e para o bebê. Me sinto abençoada e privilegiada por ter vivido isso.

O apoio do meu marido foi fundamental durante todo o processo, | Crédito: Eduardo Beltrame

O apoio do meu marido foi fundamental durante todo o processo. | Crédito: Eduardo Beltrame

Olhando para trás e pelo que passei, acho que fui guerreira (modéstia à parte). Mas eu não teria forças se não fosse meu marido comigo durante todo o processo, aliviando minha dor e vivenciando cada etapa junto. Eu não teria tranquilidade se não fosse a segurança transmitida pelos super profissionais Lê, do Grupo Hanami, e Dr. Fernando, meu obstetra. Como eu falei pra eles em um e-mail que mandei uma semana depois do nascimento do Gabriel, em um momento tão íntimo para o casal, eles estavam lá e isso fez toda a diferença – eles entraram na nossa história de vida e somos muito gratos por isso.

Aliás, gratidão é a melhor palavra pra tudo isso. Gratidão por ter um marido tão parceiro, por ter tido a benção de engravidar, por ter tido uma gravidez tranquila, por conseguir ter parto normal, por poder ser acompanhada por profissionais maravilhosos e por ter o Gabriel como filho. Amém!

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2 Comments

  1. Amém.

    • 😉

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