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É hora de ir à escola!

Postado em 04/07/2015 por em Alimentação, Amamentação, Desenvolvimento | 4 comentários

Eu nunca tive dúvidas sobre colocar meu filho na escola desde cedo – talvez por ter tido esse exemplo em casa, já que minha mãe, por sempre trabalhar fora, nos colocou na creche com três meses e pra mim isso sempre foi normal. Por ser funcionária pública, tive o privilégio de ter seis meses de licença maternidade, o que me permitiu colocar o Gabriel na escolinha com cinco meses. Optei por colocar um mês antes de eu retornar ao trabalho para fazer sua adaptação.

Todo mundo me perguntava se eu estava nervosa ou com o coração apertado e a verdade é que eu não estava. Pode parecer até mal eu revelar isso, mas, quando o Gabriel estava com um mês, eu comecei a fazer uma lista de coisas que eu queria fazer no período em que ele estivesse na escola em fevereiro, já que eu ainda estaria de licença – como massagem e cabeleireiro, por exemplo (sim, a gente merece!). Pra mim, a escola seria ( e é) algo bom pra ele e um descanso pra mim (sim, a gente merece de novo).

Lógico que há um fator importante nesse sentimento de libertação em relação ao colégio: como só trabalho meio período, o Gabriel também fica na escola apenas meio período e o resto do dia fica comigo. Sim, sou privilegiada novamente por isso.

Um dos melhores momentos do meu dia é ir pegá-lo na escola e receber um baita de um sorriso. E agora que ele começou a engatinhar, ele vem na minha direção assim que me vê na porta. É de encher o coração de alegria! <3

A minha única preocupação na adaptação era se ele iria se alimentar, porque até então ele só mamava no peito. Para me preparar pra esse período de creche em que ainda não haveria outro alimento – já que eu quis manter a amamentação exclusiva até os seis meses -, comecei a tirar leite e guardar para ele tomar enquanto estivesse lá. E aí tive dois problemas: a quantidade de leite que eu conseguia tirar e o modo como ele iria tomar.

Copo da NUK que o Gabriel usava para tomar meu leite | Crédito: Arquivo Pessoal

Copo da NUK que o Gabriel usava para tomar meu leite | Crédito: Arquivo Pessoal

Eu sempre tive muito leite, de vazar naquelas conchas que se usa no pós-parto. Mas, a partir dos três meses do Gabriel, meu corpo se adaptou à demanda e tive a sensação de produzir menos, não precisando mais usar nem absorvente de seio. Para tentar estimular a produção, comecei a ordenhar todo dia um mês antes da escola começar e também comecei a tomar o Chá da Mamãe da Weleda (não é publi, achei bom mesmo). Ajudou, mas ainda assim com muito esforço eu conseguia tirar no máximo uns 180 ml por dia em duas ordenhas de quase uma hora cada. Eu esperava que seria o suficiente para o período da manhã em que ele estaria na escola, sem acesso ao meu peito, logicamente (Depois farei um post só sobre tirar leite, prometo).

O outro problema era fazer o Gabriel aprender a tomar meu leite de outra forma que não fosse no peito. Já tinha recebido a orientação de não dar mamadeira para evitar o desmame precoce, então tentei primeiro dar num copinho de cachaça.Sem sucesso. Tentei o copo de transição da Avent e nada. Parti para o copo de transição da NUK e, pasmem, ele aceitou e tomou uma mamada por dia durante uma semana assim – isso comigo dando, o que dizem que é mais difícil.

E quando eu já estava comemorando, achando que seria fácil assim, de um dia pra outro, Gabriel começou a rejeitar o copo e abrir o maior berreiro toda vez que eu tentava dar. Tentei deixá-lo com bastante fome, tentei dar quando ele não estivesse com tanta fome, tentei eu dar, tentei com que a minha sogra desse e nada. Depois de duas semanas assim e jogando meu leite fora (que dó jogar leite fora depois de tanto trabalho pra tirar, quem ordenha, sabe…), resolvi apelar para a mamadeira. No primeiro dia, não funcionou igual, mas nos outros dois dias ele pegou depois de brigar um pouco (essa tentativa com a mamadeira foi feita apenas três dias antes do início das aulas quando achei que tinha que tentar). O teste foi ver se ele tomaria na creche. E tomou! (Ufa!)

Gabriel aceitando o meu leite na mamadeira nos primeiros dias na escola | Crédito: Arquivo Pessoal

Gabriel aceitando o meu leite na mamadeira nos primeiros dias na escola | Crédito: Arquivo Pessoal

Engraçado é que eu esperei muito por esses poucos momentos de “férias“, com manhãs livres, enquanto o Gabriel estaria na escola e eu ainda estaria de licença. Aí no primeiro dia de adaptação, eu fiquei com o Gabriel na creche, dei de mamar e ele dormiu (foi nesse dia que conheci a cadeirinha mágica, como comentei neste post). A professora me disse então que estava tudo bem e que eu poderia dar uma volta. E eu fiquei tão perdida que não sabia o que fazer com aquele tempo livre. Conclusão: acabei ficando na sala esperando que ele acordasse pra ver se estava tudo bem mesmo.

No segundo dia, fiquei um pouco com ele na sala, mas saí para dar uma volta pelas redondezas e retornei sem demorar muito (porque eu quis, não porque ele chorou). Já nos dias seguinte, consegui deixá-lo e ir fazer outras coisas e a sensação de não estar com ele foi estranha. Me senti perdida com tempo para fazer outras coisas que não fosse cuidar dele…Mas como eu sabia que ele estava bem ( caso contrário, a escola me ligaria), consegui aproveitar e relaxar. Sim, porque ter filho é ótimo e amamos estar com eles, mas depois de passar 24h com eles durante meses, toda mãe sonha e merece um descanso.

Nesse processo, Gabriel ficou super bem. Não estranhou e nem chorou. Ouvi dizer que quando a criança entra mais cedo na escola, mais fácil é a adaptação. Como ele começou com apenas cinco meses, talvez tenha ajudado sim. Confesso que eu não derramei nenhuma lágrima por causa disso. Nem antes, nem durante, nem depois. Mesmo no primeiro dia em que o deixei na escola e não permaneci com ele, fiquei tranquila. Acho que essa minha tranquilidade (e a do pai dele também) pode ter tornado as coisas mais fáceis para mim e para o Gabriel que também ficou de boa com as professoras e continua assim até hoje.

Tive menos de um mês com manhãs livres que me mostraram como eu amo o meu filho, como eu sinto saudade de não estar com ele, mas como eu também preciso de um tempinho pra mim. E agora é assim que a vida segue. De manhã, ele vai para a escola e eu para o trabalho todos os dias da semana. Um dos melhores momentos do meu dia é ir pegá-lo na escola e receber um baita de um sorriso. E agora que ele começou a engatinhar, ele vem na minha direção assim que me vê na porta. É de encher o coração de alegria! <3

 

Observação 1: Lembrei de mais um detalhe importante nesse processo: a escolha da escola. Você precisa confiar no local escolhido para deixar o seu filho. E acho que essa preferência por determinado estabelecimento (por quem opta ou tem condição de colocar em uma instituição privada) depende de cada pessoa, obviamente. Visitei escolas que gostei e que outros conhecidos não gostaram. Então, visite vários colégios (e com antecedência, pois muitos têm lista de espera), analise pontos que você considera importantes (alimentação, estrutura, professores, localização, método de ensino, mensalidade) e veja o que mais te atende. Eu e meu marido visitamos três colégios e tínhamos outros marcados. Mas depois de visitar a escola que hoje o Gabriel “estuda”, decidimos que não íamos mais visitar nenhuma, que seria aquele o lugar em que ele ficaria nos primeiros meses e anos de vida. Nos sentimos acolhidos e seguros por deixar nosso bem mais precioso lá. Quando você sentir isso, é porque achou o lugar para deixar o seu tesouro também.

Observação 2: Sim, a escola tem o lado negativo das viroses e doenças. Gabriel pegou seu primeiro resfriado depois que entrou no colégio (apesar que isso ocorreria de todo jeito em algum momento). No lado bom, temos a socialização, a rotina, a própria metodologia de ensino (por mais que eles sejam apenas bebês). Tem quem opte por não colocar o filho na escola tão cedo e prefira ficar com ele em casa ou deixar com os avós, por exemplo. Essa é uma decisão que cabe aos pais e acho que também tem os prós e os contras, como tudo nessa vida. Se você tem a opção de escolher, veja o que te deixa mais confortável e segura. Não acho que tenha uma opção melhor do que a outra, vai depender do que cada pessoa avalia ser melhor pra si e pra sua família no momento.

Observação 3: Depois de duas semanas tomando meu leite na mamadeira, pedi para as professoras tentarem trocar e usar o copo de transição, porque achava que diminuiria ainda mais qualquer risco de desmame e confusão de bicos. Gabriel aceitou e assim ficou por mais uns três meses em que ainda precisei enviar leite. Eu resolvi fazer assim para não correr risco, mas devo dizer que conheço bebê que mama no peito e toma mamadeira e nunca desmamou. De toda forma, já que ele aceitou o copo de novo, preferi manter dessa forma e aposentar a mamadeira que só foi usada por aqui nesses 15 dias iniciais de escola.

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4 Comments

  1. Adorei o relato! Muito bom quando fazemos escolhas que dão certo para a gente, né? Eu também não chorei nessa adaptação para o colégio, mas o Vinicius foi com quase 9 meses. Lembro que quando ele tinha uns 4 meses eu estava louca para que ele tivesse esse meio período fora de casa, mas aos 9, quando ele realmente foi, eu morri de saudade 🙂

    • Obrigada, Talita! Dá saudade sim. Aquela sempre confusa cabeça de mãe: às vezes, queremos um descanso; mas, quando o temos, sentimos saudade das crias. rs Beijos!

  2. Meninas, eu preciso contar o quanto eu ADORO ler os depoimentos de vocês. Sempre muito leves, carinhosos e com uma exposição saudável e de bom gosto da intimidade de vocês com os babies. Um tipo de informação gostosa de se ler. Nós ainda não estamos planejando filhos, mas quando acontecer, espero ter a maturidade e o esclarecimento de vocês. Um grande beijo!

    • Obrigada, Fê! Que honra receber um comentário assim. Só nos motiva a continuar escrevendo e compartilhando o pouco que sabemos até agora. Você verá que a maturidade vem junto no pacote! 😉 Beijos

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