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Meu relato de parto

Postado em 14/07/2015 por em Gravidez, Parto | 2 comentários

Nesta semana, eu e a Marcela vamos contar sobre nossas experiências de parto, que foram muito diferentes uma da outra, mas que terminaram da mesma forma, com os amores das nossas vidas nos nossos braços. Como já falamos antes, não temos o objetivo de falar sobre o certo ou errado, mesmo por que, não temos conhecimento técnico para isso, estamos apenas dividindo experiências 😉

 

Tudo começou em 26 de fevereiro de 1983. Oi?? Como assim?? É, quando meu irmão mais velho nasceu de um parto normal sofrido e em que o médico – que foi trabalhar embriagado – esqueceu uma bola de gaze (para estancar sangue), dentro da minha mãe, que na época era uma menina de 23 anos, com bem menos acesso às informações do que temos hoje e morando longe da família. Ela passou uma semana com muitas dores, febre, sem conseguir se levantar para cuidar do meu irmão e o médico negando que tivesse havido algum problema. Dias depois ela expeliu a bola de gaze por conta e a partir daí melhorou, mas poderia muito bem ter pegado um infecção e piorar esse quadro. Enfim, três anos depois, quando minha mãe descobriu que estava grávida de novo (de mim), ficou com muito medo do parto e com razão, mas era outro médico e ele assegurou a ela que faria tudo da melhor forma possível e pediu que ela ficasse tranquila. Pois bem, nasci também de parto normal, tudo sob controle e minha mãe, ufa, respirou aliviada.

 

Ao longo da minha infância e adolescência, ouvi minha mãe contar essa história muitas vezes. E muitas vezes também, minha mãe disse que se pudesse escolher por mim, eu não teria filhos por parto normal, apenas cesárea, pois a dor e o sofrimento eram tamanhos e desnecessários. Fato é que eu sempre tive muito medo do parto, tanto que quando era mais nova pensava apenas em adotar filhos e não em tê-los biologicamente, por causa dessa ‘parte do processo’ rsrs.

 

É claro que a idade chega, o tempo passa, a gente amadurece, começa a ter mais senso crítico e a se informar melhor. Quando descobri que estava grávida, aos 27 anos, passei a pesquisar sobre o parto, relatos de outras mulheres e até a opinião delas sobre a dor, que já havia sido a minha maior preocupação, mas mais pelo fato de ser desconhecida e incomparável, do que por medo mesmo. De qualquer forma, lendo sobre os benefícios e crente na natureza como sou, defini minha preferência pelo parto normal, desde que o contexto fosse favorável. Isso por que não sou nenhuma radical e se algo acontecesse fora do previsto, mesmo preferindo o mínimo de intervenção, faria uma cesárea para preservar a minha segurança e a dela.

 

Quando estava com 7 meses de gestação, minha médica disse em uma consulta que eu estava dentro do peso esperado, estava muito bem disposta e com os exames todos em dia, por isso, tudo indicava um parto normal tranquilo, além do mais praticava yôga e já haviam me falado que isso facilitaria.

 

Quando estava com 39 semanas de gestação, o tal tampão mucoso saiu, começou a bater a ansiedade e pensei que logo entraria em trabalho de parto. Mas, eis que entro na 40ª semana e nada, e olha que tive uma gravidez super ativa. Minha médica já havia me alertado que não queria esperar mais do que 40 semanas e 5 dias, pois os riscos aumentavam e ela não gostaria/ recomendaria corrê-los, mas que eu ficasse à vontade para tomar a minha decisão. Dessa forma, acabamos marcando uma cesárea para 40s5d, mas eu tinha convicção de que entraria em trabalho de parto antes disso. No dia em que fiz 40s3d, não sei por que, acordei com medo de estar forçando algo, mesmo tendo feito um ultrassom 3 dias antes e ter visto que estava tudo bem e resolvi ligar para a minha médica. Ela estava indo para a maternidade fazer um parto e pediu que eu fosse até lá para ser examinada. Fui examinada pela médica de plantão que constatou que eu estava com 1 cm de dilatação e também que os batimentos cardíacos da Maria Antônia estavam irregulares e recomendou que o parto fosse naquele dia, minha médica chegou depois e validou a recomendação. Fiquei frustrada, mas foi como pensei desde o começo, o parto seria aquele que representasse o menor risco para nós duas.  Pois bem, voltamos em casa, buscamos nossas coisas e lá fomos nós de volta à maternidade.

 

Na sala de parto, enquanto só havia uma enfermeira preparando tudo, tentei esquecer o nervosismo e conversei com a minha bebê ainda na barriga, explicando que ela não havia dado o sinal para sair, mas que por segurança o faríamos e que logo ela estaria nos nossos braços ganhando muito amor, que veria muitas coisas diferentes, mas que nós a ajudaríamos a entender o mundo aos poucos.

 

Logo chegou o anestesista, me deu a tal peridural, não senti dor alguma, depois o corte, a desconfortável manobra de Kristeller (saiba mais aqui), que na próxima me certificarei de que não se repita e logo a expressão de susto da minha médica com a quantidade de mecônio (saiba mais aqui) que havia ali. Às 15h35 nasceu a Maria Antônia de um parto que não foi o dos meus sonhos, mas chegou saudável e isso era o que importava para mim. Sinceramente, não me lembro se ela chorou, minha mãe (coruja e preocupada, que havia dado um jeito de assistir ao parto junto com meu marido), me disse que ela demorou um pouco para chorar. Logo depois da sutura me levaram para a sala de recuperação, onde ficamos só nós duas, ela bem deitadinha sobre mim, mamando calmamente e eu ali, num momento 100% contemplação.

 

Agora, cá entre nós, quem acha que a cesárea é uma opção mais fácil ao parto normal, se engana. Nunca tive um PN para saber, mas a dor da recuperação de um PC é terrível, sem analgésico é impossível e olha que sou da turma dos que evita remédios ao máximo. A dor do PN é naquele momento, quando o bebê nasce ela acaba, mesmo assim, você está tão concentrada em algo maior, que é ter o seu bebê, que a dor é só um meio. A dor da cesárea dura ainda 1 semana, a cicatriz queima, você fica com os movimentos limitados. É chato.

 

Bom, quando já estava no quarto, minha médica foi me ver e agradeceu por eu ter ‘escutado’ o meu instinto materno, ou o que foi a primeira manifestação dele, quando resolvi procurá-la 2 dias antes da data combinada, pois a quantidade de mecônio era realmente grande e espessa, por isso, não seria nada bom ter esperado mais. Recentemente, quase um ano depois, é que pensei que poderia ter tentado induzir o parto normal, na hora do susto você acaba nem pensando direito, não faço a mínima ideia do que é ter uma contração! Mas minha maior frustração não foi ter tido uma cesárea, mas sim, ter ‘provocado’ o nascimento dela, sem que ela ‘decidisse’ que era hora de sair, uma mudança muito brusca da tranquilidade do útero para esse mundão aqui. Bom, mas não adianta sofrer pelo que já passou, o que importa é ter a minha filhotinha linda, feliz e saudável fazendo as nossas vidas muito mais alegres!

 

Obs.: Eu nunca havia escutado sobre a manobra de Kristeller até passar por ela, mas é comum e está associada a lesões que podem ser graves tanto nas mães, quanto nos bebês, por isso, passou a ser considerada uma violência obstétrica, tanto que foi proibida nas maternidades de São Paulo. Não condeno minha médica e nem a outra médica que estava acompanhando e que fez o procedimento em mim, pois é uma prática bastante disseminada, e também não pretendo trocar de profissional por conta disso, mas certamente, na próxima gestação, esse é um ponto a esclarecer.

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2 Comments

  1. Oi Ju! Tb sou muito a favor do parto normal, tanto que o meu tb foi (foi na água, sem intervencoes), mas se a médica tivesse me dito pra fazer césarea pq os batimentos estavam irregulares é óbvio que eu faria correndo! Além do mais eu morria de medo que a minha filha aspirasse meconio!
    Na minha opinião, por mais que a gente leia e se informe só o médico é quem pode dizer o que é mais indicado em cada caso…
    Beijinhos gurias, tô adorando o blog!

    • Oi Paula! Que bom que estás gostando, guria!
      Realmente, temos que confiar nos médicos, afinal, os especialistas ali são eles, né!
      Olho para frente e só agradeço por ela estar bem!
      Obrigada pela mensagem e se quiser compartilhar alguma experiência da maternidade conosco, fica à vontade! Beijosss

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